O homem hoje está mais para águia ou para galinha?

   "O ser humano é, em cada momento, a coexistência difícil da dimensão águia com a dimensão galinha. Quer dizer, é sempre alguém enraizado numa situação concreta que é seu arranjo  pessoal e social. Ele pode perder-se ai e com isso se mediocriza e se contenta com poucas coisas. Simultaneamente é águia, quer dizer, nutre sonhos, luta por melhorar de vida, alcançar objetivos mais altos. Creio que hoje com a máquina da comunicação projetada em nível global que estandartiza comportamentos e borra as diferenças culturais,  está em curso um vasto processo de homogeneização visando criar não a pessoa critica e criadora, mas o consumidor passivo e mero reprodutor do mesmo. Esta redução à dimensão galinha obedece aos interesses dos detentores do poder do mundo. Este temem a mudança e difamam os portadores de alternativas e tudo aquilo que ainda não foi ensaiado. Mas a dimensão águia é intrínseca. Por isso ela sempre pode despertar e então surgem as resistências, os movimentos de protestação e de libertação. Tais movimentos representam a utopia necessária sem a qual a vida em sociedade se afunda no pântano dos interesses menores dos que detém e controlam o poder."




Magnífico texto de Leonardo Boff !
O lamentável disso tudo, é que a imperceptível minoria tem esta visão. Estes são os "portadores de alternativas" e de "tudo aquilo que ainda não foi ensaiado". Os ditos utópicos, sonhadores.
A mesmice e a mediocridade, notavelmente presentes em nossa sociedade, são provenientes justamente daqueles que não sonham, que não voam mais alto. Daqueles que satisfazem os interesses dos "detentores do poder do mundo". Que não questionam o motivo pelo qual devem se encaixar no padrão imposto sem razão.
Inevitavelmente, estamos nos encaminhando em direção ao citado pântano. Não há questionamento. Não há inconformidade. Não há protesto.

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